Plenitude do Espírito
Níveis de consciência
Prisão... Liberdade...
Conservar ou extinguir

Níveis de consciência

.

 

“Tudo aquilo que aparece às claras fica iluminado. Por isso é que se diz: ‘Levanta-te, tu que dormes, ressuscita, tu que estás morto, e a luz de Cristo brilhará sobre ti.” Efésios 5:14

 

 

Há um sono do qual precisamos de acordar… e não acordamos se no nosso espírito não estivermos ligados ao Espírito de Deus.

 

Somos seres com um corpo, alma e espírito, sendo que o corpo é onde visivelmente podemos observar e tocar aquilo que se passa na nossa alma e no nosso espírito. Mas a nossa vida é muito mais que o nosso corpo.

 

Deus chama-me a viver com essas 3 áreas do meu ser completamente ligadas a Ele e com o meu espírito “activado”.

 

Espírito activado? Sim. Talvez se dissesse “Espírito iluminado” parecesse menos estranho ou esquisito para algumas pessoas, mas o que é certo é que creio mesmo que a expressão “Espírito activado” corresponde ao que acontece.

 

Todo o nosso corpo pode interagir com o Espírito Santo, ou seja, Ele pode agir directamente no meu corpo, na minha alma e no meu espírito e eu posso responder-lhe com essas três áreas também.

 

“Com efeito, o Espírito penetra em tudo, até nas profundezas dos planos de Deus.”     1Coríntios 2:10b

 

Porém, também creio que o nosso espírito é um “lugar” de ligação especial e profunda com o Espírito de Deus, e quando ele não está desperto, quando não está iluminado, a nossa ligação com Deus é baça, turva. Não conseguimos ver claramente, não conseguimos ouvir claramente, há um peso da carne e do pecado que nos faz viver apenas num plano terreno, carnal, lógico, visível.

 

Mas o nosso próprio ser, criado ao pormenor por Deus, está feito, em potencial, para viver de uma forma muito mais profunda, com uma ligação ao transcendente muito mais intensa do que o “normal”, muito mais “real”.

 

Só podemos começar a viver com o nosso espírito activado se dermos lugar e espaço ao próprio Espírito Santo de Deus, aquele que é o próprio Deus que flui, aquele que penetra nas profundezas do nosso corpo, da nossa alma e do nosso espírito.

 

Creio que quando o nosso espírito é invadido pelo Espírito Santo de Deus, há uma fusão que acontece, quase como uma mistura química que se produz, que é dinâmica e que vai ter repercussões nas outras áreas do nosso ser.

 

Muitos de nós vivemos uma vida com Deus muito limitada. Somos fechados à acção libertadora e profunda do Espírito Santo. Pensamos e achamos que sabemos e conhecemos a Sua forma de acção, mas achamos que o facto de Ele se querer fundir no nosso interior com o nosso ser é algo que não é possível, é estranho.

 

Somos filhos muito racionais, arranjamos explicações e teorias para tudo, métodos, formas de viver e vivemos fechados sem a VIDA verdadeira, porque Deus não é assim.

 

O mistério do Espírito Santo é algo que só se pode viver e compreender à luz desse mesmo Espírito.

 

“Quem confia na sua inteligência não aceita aquilo que vem do Espírito de Deus. Para esse são coisas sem sentido. Não as pode compreender, porque só com a luz do Espírito elas se compreendem.” I Coríntios 2:14

 

Até aqueles que muitas vezes se acham melhores, mais avivados, mais entusiasmados… Querem compreender os mistérios da vida do Espírito isoladamente de um caminho de humilhação, quebrantamento e cura que tem de existir.

 

Se não houver amor, do que vale viver grandes coisas? São ocas, vão ser coisas isoladas, sem sentido, mais cedo ou mais tarde vão ser esquecidas e desvalorizadas porque não têm uma base de amor.

 

O amor é a força vital de todo o universo, de toda a criação de Deus. O amor move o coração de Deus, move os braços de Deus, move os anjos de Deus (sob o Seu comando), faz com que a energia da criação de Deus seja transferida para o nosso ser.

 

E começamos a amar a Deus quando nos ajoelhamos diante d’Ele completamente despidos de nós mesmos, das nossas “boas obras”, das nossas “qualidades” próprias e lhe pedimos para nos ensinar a amá-Lo, a viver com Ele. Aí o nosso espírito começa a ser activado por Ele. E isso pode ter um efeito tremendo no nosso corpo e na nossa alma.

 

Se o nosso espírito não for activado, nós os filhos viveremos exactamente da mesma forma que uma pessoa que não tem Deus dentro de si vive: num plano exclusivamente humano, terreno.

 

Mas para os que estão a aprender a amar a Deus, há um nível de intimidade muito maior, há um nível de interacção muito mais profundo, há um mergulhar na realidade espiritual que pode ser completo.

 

Quando estamos em determinados momentos fundidos com o Espírito, parece que até as coisas mais normais que possam estar à nossa volta ganham outra dimensão: há mais luz, há uma outra visão que se ganha. Caminhamos mas sentimo-nos a caminhar numa outra dimensão, pois estamos imersos em Deus, no Espírito de Cristo.

Damos passos no mundo material mas estamos a caminhar no sobrenatural.

 

Podemos ouvir os sons, ver as cores e sentir os movimentos espirituais. Nesses momentos podemos contemplar a realidade espiritual de uma forma tão clara como se já estivéssemos com o Senhor no Paraíso, mortos no nosso corpo carnal.

 

Creio que foi neste estado que Paulo esteve quando se refere que esteve no 3º céu, não sabendo se esteve mesmo lá em corpo ou em espírito. Foi neste estado que João foi arrebatado e escreveu o livro de Apocalipse.

 

Foi neste estado que Eliseu surpreendeu o seu servo, ao dizer-lhe que tinha visto à distância o que ele tinha feito com Naaman:

 

“Quando um certo homem desceu do seu carro para ir ao teu encontro, eu estava lá contigo em espírito.” 2 Reis 5:26ª

 

O nosso espírito não é estanque, pode fundir-se com o Espírito de Deus, e isso pode acontecer em momentos específicos, esporádicos ou de uma forma constante.

 

Fomos criados para viver assim mas o pecado fez-nos cair, literalmente. A imagem que tenho é mesmo a de alguém a cair do céu, alguém que estava a viver nas profundezas e que “caiu na realidade”. Os seus olhos fecharam-se, passou a haver uma cortina que não permite ver. Tal como Satanás, a estrela da manhã, cai do céu em queda livre, assim fomos nós, deixando um rasgo no céu, não de luz mas de sangue. O próprio sangue de Deus.

 

E para que possa viver a VIDA de Deus, eu preciso voltar a subir a essa realidade divina.

 

Nível de consciência total

 

Todos nós, como filhos, podemos viver em diferentes níveis de consciência. Não são necessariamente etapas que se atingem ou níveis progressivos, pois podemos durante um dia só estar nos diferentes estados.

 

Mas creio que quanto mais caminharmos no amor do Pai, mais viveremos no nível de total consciência, mais constantemente vivemos numa realidade espiritual profunda e constante.

 

“Porém aquele que vive do Espírito é capaz de fazer um juízo sobre todas as coisas, e a ele ninguém pode julgar. Na verdade está escrito: ‘Quem poderá conhecer o pensamento do Senhor? Quem será capaz de lhe dar conselhos? Mas nós possuímos o pensamento de Cristo.”  Efésios 2:15,16

 

Da vida que Cristo tinha, nós viveremos também, e quando vivemos essa vida, somos seres humanos completamente diferentes dos outros.

 

Eu sou chamada a ter o pensamento de Cristo e isso é algo que está a ser produzido nas profundezas do meu ser, nas profundezas do meu corpo. Quanto mais tenho a mente de Cristo, mais eu posso conhecer o pensamento de Deus, porque estou imersa no seu próprio pensamento.

A energia vital de Jesus era o amor puro, o qual fluía no seu corpo através do Espírito Santo. Fluía dentro dele e fluía para os outros, através da sua boca, através das suas mãos, através do seu viver.

 

Jesus buscava estar com o Pai em lugares isolados, pela manhã, enquanto todos dormiam, provavelmente, para ser cheio desse amor que lhe corria nas veias . Ele subia ao monte, um lugar isolado mas a céu aberto, onde ele, junto com a Natureza que Deus criou, eram alvos do olhar do Pai. E dava-se uma interacção entre o ser de Jesus e o Pai, através do Espírito.

 

Imagino Jesus a voltar dos seus encontros com o Pai, a descer o monte e voltar para junto dos homens. Ele desce com a visão alargada, a sentir o corpo, a alma e o espírito a funcionar no mundo espiritual. E assim permanece até dormir novamente e acordar, para voltar ao cimo do monte novamente e viver mais um momento a sós de intimidade com o Seu Pai.

 

Jesus via diferente de todas as pessoas. È incrível como quando estamos nesse estado de consciência total da realidade espiritual, parece que mais ninguém neste mundo está a ver como nós. Parece que estamos num estado em que mais ninguém está e que temos uma ligação tão pessoal e específica com Deus que mais ninguém tem. Há coisas que para nós são tão óbvias mas que para os outros parecem estar a quilómetros de distancia.

 

É uma ligação que está acessível a todos os que buscam, mas que poucos a vivem.

 

É essa ligação que é o relacionamento PESSOAL e diferente que cada um dos escolhidos pode ter, o relacionamento pessoal que tanto falamos mas que desconhecemos, nem sabemos vivê-lo.

 

“Dentro em pouco o mundo não me há-de ver. Mas vocês vão ver-me, porque da vida que eu tenho hão-de viver também.” Jo 14:19

 

Eu posso ver Jesus. Ainda que o mundo não o veja, eu posso vê-lo, porque a mesma vida que corria nas veias de Jesus, corre nas minhas se eu deixar, se eu buscar.

 

Há uma visão espiritual que podemos ter ao atingirmos o estado permanente de consciência total e quanto mais a ganhamos, mais voltamos à nossa essência de seres criados por Deus.

 

Deus tinha-nos criado para vivermos assim desde o início e quanto mais voltarmos à nossa essência espiritual, mais seremos julgados por todos os Filhos que não vivem assim, não vivem na essência.

 

Mais longe dos padrões “normais” estaremos, porque quem vive do Espírito não pode ser, de forma alguma, compreendido pelos padrões deste mundo.

 

Quando estende a sua mão para tocar alguém, não está a tocar na pele da pessoa mas está a tocar no ser espiritual dessa pessoa. Pode ver o poder de Deus a fluir, pode aperceber-se do interior dessa pessoa, do seu sentir, do seu doer, da sua essência, enquanto todas as outras pessoas apenas vêem uma pessoa assim ou assado.

Um destes dias estava a viver um momento assim mais intenso com o Pai, através do Seu Espírito. A nossa ligação e fusão intensificou-se num lugar a sós, isolado, onde um precioso momento de intimidade me esperava.

 

Deus manifesta-se muitas vezes durante o dia, nas mais variadas situações, mas algumas vezes requer momentos a sós, sem os olhares dos outros, tal como por vezes chamamos alguém que amamos do meio da multidão para termos uma conversa mais a sós, mais particular, mais íntima.

 

Durante esse momento, eu toquei a realidade espiritual, o meu ser, nas suas três áreas, estava tão ligado ao Espírito que eu sentia que podia viver tudo, podia saber tudo, podia contemplar tudo. É o viver do seguinte versículo:

 

“Eu sei que a unção do Espírito, que receberam de Jesus, permanece em vocês. Por isso, não têm necessidade que alguém vos ensine. Mas como a unção do Espírito que é real e não ilusão, vos vai ensinando acerca de todas as coisas, como já vos ensinou, mantenham-se unidos a Jesus.” I João 2:27

 

Eu creio que só podemos conhecer a Verdade que liberta quando o nosso corpo, alma e espírito se ligam ao Espírito Santo. Se não ocorrer esse contacto, proveniente da adoração, de uma relação íntima, de uma conversa de amor, nunca conseguiremos discernir as profundezas de Deus. E sem essas profundezas reveladas à nossa vida, viveremos uma vida miserável. Somos como um carro a funcionar como uma bicicleta a pedal: aquém do que poderíamos viver e vazios.

 

Em mim Deus colocou uma imensa sede e necessidade, desde que nasci, de viver acima desta realidade. É por isso que eu sei que se não O conhecesse, eu buscaria satisfazer essa sede de outra forma, com outras coisas transcendentes, porque essa necessidade específica e muito particular da minha pessoa me foi dada por Ele, ainda eu estava no ventre da minha mãe, pois já aí o meu espírito estava formado. Apenas encarnou *sorrisos*.

 

Há coisas particulares em nós que Deus coloca na nossa personalidade que são o seu toque especial em nós. Tal como Ele resolveu criar uma infinidade de insectos diferentes, assim Ele nos criou diferentes uns dos outros, de modo a que todos nós vivamos na Sua presença no mundo dos vivos de uma forma tão diferente, tão diferenciada. Uns saltando, outros cantando, outros pensando e meditando, outros contemplando, outros sorrindo, outros clamando, outros escrevendo.

 

Deus agrada-se muito da diversidade pois foi Ele que a criou. Por isso eu ando a aprender a não negar mais aquilo que são as minhas tendências interiores, os meus impulsos interiores para determinadas coisas e de determinadas formas. Ele criou-me assim e essas minhas particularidades têm um objectivo muito espiritual na minha vida.

 

É espectacular quando começamos a entender, através da luz do Espírito, qual o objectivo dessas mesmas particularidades. Eu, por exemplo, tenho uma profunda tendência para aquilo que é místico, para aquilo que é oculto aos olhos mas que eu sei que está lá por detrás. O meu coração liga-se instantaneamente a essas coisas, sem eu sequer raciocinar. Antes que eu pense, antes que eu tente compreender, meditar, quando dou por mim já o meu ser está ligado a essas coisas. E canalizar isso para o Reino de Deus é viver na plenitude que Deus tem para mim.

 

Sentir a minha energia interior, que me é dada pela VIDA de Deus em mim a cada dia, a fluir dentro de mim, para os outros e da criação de Deus para dentro de mim é algo que me faz regressar à minha essência, que é única, é só da Paula. É algo que me faz ficar em êxtase.

 

Para mim, que tenho uma tendência para o que é místico, Deus é um ser profundamente místico mas profundamente presente, verdadeiro. Eu não preciso de andar à procura dele de formas estranhas e esquisitas. Ele não se esconde de mim mas esconde-se PARA mim, para que eu o descubra da forma que Ele sabe que é importante para mim e só Ele sabe o que eu sinto quando O descubro… Não há palavras para explicar, e Ele sabe que eu preciso viver isso, tal como preciso do ar para viver. Provavelmente com outros Filhos Ele revelar-se-á de outras formas, de outras maneiras, usando outras palavras, outros sussurros.

 

É por isso que querermos imitar outros, termos outros como referência pode ser um erro muito grande, porque a forma que cada um tem de viver a espiritualidade é tão diferente. Estaremos a viver uma falsidade e o sentimento de frustração interior nunca vai ser ultrapassado, o vazio vai continuar lá. A outra pessoa pode nadar então eu também quero nadar, quando se calhar o meu ser foi criado para voar! Então eu posso nadar, mas não vou nadar bem nem vou gostar de nadar. Vai ser forçado, não vai ser genuíno nem vai gerar VIDA dentro de mim.

 

Cada um de nós precisa descobrir-se. Este é o primeiro passo para um nível de consciência anterior à consciência plena. É um nível anterior mas que vai acontecendo simultaneamente à consciência plena, porque eu creio que nos vamos auto-conhecendo até morrermos. Daí não crer que os níveis de consciência sejam degraus de superioridade. São caminhos que vão sendo percorridos e que, de pessoa para pessoa, diferem.

 

Penso que o que os mestres e entendidos deste mundo chamam de “Estado de vigília”, ou seja, o estado de consciência em que estamos quando estamos acordados, pode ser um estado parecido ao do sono.

 

Vivemos o dia-a-dia quase de uma forma automática, mecânica. Acordamos, levantamo-nos, vamos trabalhar, voltamos para casa, alienamo-nos e dormimos. E Deus está no meio dessa mecanicidade. É mais uma roda, uma coisa que acontece mecanicamente. Quer dizer, pensamos nós que acontece. Mas lá apenas está a ideia de Deus, não o próprio Deus.

 

Podemos perfeitamente ser Filhos de Deus e viver assim. E a VIDA de Deus não corre dentro de nós. Ele veio para nos dar uma vida em abundância mas nós não conseguimos entender o que isso é. É por isso que lemos a Palavra e o fazemos mecanicamente.

 

A imagem que Deus me dá quando penso nestas coisas é mesmo a imagem de zombies. Pessoas que estão vivas mas que estão mortas ao mesmo tempo. Até os filhos. E andam, com os olhos vidrados. Não conseguem ver. Choro cada vez que sinto isso, porque as pessoas estão mal e não conseguem ver.

É por isso que existem os cancros, é por isso que existem as depressões, é por isso que existem os problemas de estômago, é por isso que existem os problemas respiratórios, é por isso que existem os problemas de tensão, os problemas neurológicos e tantos outros. O que acontece no nosso corpo são apenas manifestações do que acontece a nível espiritual e a nível psíquico e emocional.

 

É por isso, também, que os casamentos são frustrados. É por isso que existe a gravidez na adolescência, porque o sexo é algo que Deus criou que é profundamente espiritual e pode saciar, nesses casos apenas temporariamente, um vazio interior, o qual associamos à sensualidade apenas mas que é um canal quase directo ao mundo espiritual. Não é por acaso que os jovens são fortes e já venceram o mal! Há algo dentro deles que Deus quis que fosse assim, mas que por estarem perdidos o buscam no sexo ou noutras coisas.

 

A nossa sexualidade também  só pode ser vivida na sua plenitude quando vivemos uma vida espiritual plena. Creio que é também um canal quase directo ao mundo espiritual.

 

Quando os Filhos vivem neste nível de consciência e plenitude, vivem como o irmão do Filho pródigo, pois Deus lhes diz:

 

“Meu Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que eu tenho é teu.” Lucas 15:31

 

Mas o Filho não usufrui porque, apesar de viver na mesma casa do Pai, Ele não consegue sair da sua mecanicidade e relacionar-se com o Pai. Está lá mas a trabalhar como qualquer trabalhador ou servo do Pai. Não há diferença naquilo que ele vive. Não usufrui da presença do Pai, e pior ainda, porque não conhece o Pai, não consegue ver, não consegue atingir que tudo o que o Pai tem pode ser seu também.

 

Para cada um de nós sair deste estado de consciência, o próprio Espírito tem de nos atrair e constranger. Temos de chorar, prantear, gemer e clamar por misericórdia do Pai. Quase que me apetece dizer que esta é uma regra espiritual, porque por mais diferentes que sejamos, uma coisa é certa:

 

Temos de ter um coração quebrantado e humilde para nos chegarmos a Deus.

 

E ter um coração quebrantado e humilde é algo que não podemos ter quando achamos que estamos bem, quando nos deixamos estar no nosso orgulho, no nosso sentimento de superioridade perante os outros.

 

E quando o orgulho e sentimentos de superioridade começam a ser quebrados dentro de nós, Satanás geme! Isso é o que está a acontecer no mundo espiritual, mas no mundo carnal, é o nosso ser que geme, que grita! Até o nosso corpo físico se ressente pelo que se está a passar em nós.

 

Creio que o choro, o gemer e o clamor funcionam como veículos de “deitar fora” tudo o que naquele momento precisa sair de dentro do nosso ser interior. São mecanismos criados em nós pelo próprio Deus. Momentos em que a nossa razão começa a perder força para as nossas emoções, quando os nossos pensamentos lógicos começam a ser destruídos.

 

É por isso que eu creio que Deus não despreza um coração quebrantado e contrito. Ele sabe em que estado de abertura estamos quando estamos assim. Há um canal que se abre no mundo espiritual quando gememos. O próprio Espírito geme por nós. Esta é uma imagem e uma realidade que sempre faz tremer o meu corpo, porque é algo que sinto como tão forte, tão intenso que me constrange.

 

E é aqui que começa o conhecimento verdadeiro, de quem somos e de quem é Deus.

 

Inicia-se a cura que tanto precisamos, todos nós! Inicia-se a nossa explosão interior, o nosso espírito é activado mais intensamente e parece que começamos a ver, como quando uma criança nasce e abre os olhos pela primeira vez. Vê tudo ainda muito turvo e a uma distância muito curta, mas vê! E o pouco que começamos a ver nesse momento parece tão grande perante a nossa cegueira anterior… Parece que não precisamos de ver mais nada para sermos felizes. O pouco que vemos basta.

 

Mas Deus tem muito mais.

 

“Pai! Que todos aqueles que me deste estejam onde eu estiver, para que possam ver a glória que me deste. Essa Glória consiste em tu me teres amado antes que o mundo fosse mundo.” João 17:24

 

Avancemos para um nível de consciência cada vez maior, através de um coração que a cada dia é mais dependente do Pai, cada vez mais quebrantado, mais achegado. Busquemos apenas o próprio Deus e isso nos bastará. Deixemos a imaturidade de buscarmos a aprovação dos outros e de rejeitarmos, por ciúme, quem sentimos ser “superior” a nós.

 

Deixemo-nos de modelos humanos e de referências humanas. Aprendamos do próprio Espírito, pois Ele nos basta. Só de Deus teremos a certeza de quem somos e de como podemos viver a VIDA que Jesus nos veio dar.

 

Para isso, precisamos gemer, quase que a cada dia.

 

Que o meu coração seja cada vez mais como David e que eu tenha a coragem de poder dizer cada uma destas palavras de coração totalmente sincero:

 

“Senhor, o meu coração não é orgulhoso e pus de parte a minha arrogância; já não corro atrás de grandezas, ou de coisas fora do meu alcance. Pelo contrário, estou calado e tranquilo, como uma criança saciada ao colo da mãe; a minha alma é como uma criança amamentada!

Israel, põe a tua esperança no Senhor, desde agora e para sempre.”  Salmo 131

 

Um Salmo tão curtinho, tão simples, mas que para mim poderia ser o único presente na Bíblia. Assim desejo ser, mais simples, pois vou mergulhando cada vez mais na plenitude.

 

 

Para Ti, Pai, da tua criança amamentada que tanto Te ama e precisa do Teu colo,

 

Paula